Tinha tudo para ser um grande amor, se não fosse o medo … se não fosse as tempestades!
Se não fossemos tão ingênuos e pequenos, se não andássemos tão confundidos julgando ter razão.
Se não fossemos como moscas ao redor da carne, rondando o amor sem coragem para amar.
Se o amor não fosse apenas um privilégio dos destemidos, á nós covardes restaria algo mais que ilusões doces que amargam com o tempo.
Tag: Desabafo
Soneto da vida difícil
Não houve favoritismo algum, foi preciso acordar cedo e dar a cara a tapa
Foi preciso um coração de aço e joelhos capazes de suportar milhas e milhas
Foi preciso ler os sinais e os bons autores além da contra capa
Não houve lugar por onde não vagasse sua alma, na imensidão sonora de trilhas
Era preciso que fosse poeta, mulher, amante e aprendiz
Fora tudo e muito mais que se possa crer existir
Era no eu lírico uma multidão morando numa única cicatriz
Fora divina, rainha e imperatriz numa só vida regada á mártir
Não há quem não a sentisse penetrar a alma
Foi refém da própria falta de calma
Era insólita, imatura e neurótica
Era a encarnação de uma cronica em cada defeito que possuía
Era estranho vê-la partir de mala e cuia
Quase sempre sem rumo, acabava no destino certo de uma viagem caótica
Poesia sobre o íntimo: Outros Jeitos De Usar a Boca de Rupi Kaur
Não é sempre (pelo menos não na atualidade) que um livro de poesias chama tanto atenção a ponto de ocupar o primeiro lugar na lista de mais vendidos do The New York Times. Mas isto aconteceu com OUTROS JEITOS DE USAR A BOCA, livro que reuni poemas e gravuras da escritora e artista Rupi Kaur.
Rupi é uma imigrante da Índia, e foi justamente por ter dificuldade em falar inglês quando criança que se dedicou a desenhar (hobby que herdou da mãe) e a ler.
E então aos dezessete anos (em 2009) passou a se dedicar a escrita, e ficou famosa nas redes sociais pela temática abordada em sua arte, que carrega uma forte expressão poética de sobrevivência e femilidade.
Atualmente Rupi vive em Toronto , no Canadá, e Milk and Honey– editado por aqui como OUTROS JEITOS DE USAR A BOCA é seu primeiro livro publicado.
Minha historinha com o livro: O livro já havia a bastante tempo me despertado interesse, tanto pelo fato de se tratar de poesia (como sabem eu me interesso/e escrevo poesia), e principalmente por esta estar relacionado ao tema MULHER/femilinidade.
Não sou feminista, e por essa razão mesmo tendo bastante interesse na abordagem da mulher através da escrita, sou bastante criteriosa, e acabo tendo dificuldade em encontrar um bom livro que trate a respeito.
Mas Rupi uniu o que procurava a um livro com excelentes gravuras (as quais admirei muito!). E então quando recebi o livro de presente do meu namorado, o devorei em poucas horas! (Embora eu ache que este seja o tipo de livro que se deva ler vagarosamente, buscando refletir a respeito).
Embora já tenha lido a um certo tempo (quem me acompanha do instagram deve ter visto os diversos trechos que compartilhei por lá), eu queria ter tempo suficiente para falar desse livro por aqui. E finalmente esse dia chegou, rs!
Como mulher acredito que é de suma importância transmitir o nosso ponto de vista em relação o cotidiano no que diz respeito a violência, preconceito, relacionamento familiar/e afetivo, perdas e etc. { Por isso recomendo este livro, a todas as mulheres (sem exceção), e aos homens sábios, para que estes através das palavras de Rupi possam ver um pouco melhor como muitas vezes nos sentimos em relação a estes temas. }
Neste livro, que é dividido em quatro partes, que são : A DOR, O AMOR, A RUPTURA E A CURA.
O livro se inicia pela DOR onde Rupi nos conta um pouco sobre os abusos sofridos durante sua infância e ao que tudo indica inicio da adolescência.
Chamando atenção para o tema estrupo, abusos psicológicos, e relação familiar de opressão. Rupi também nos leva a reflexão, sobre como podemos ser ocupadas/os por educar as mulheres para serem de certa forma passivas em relação a estes desacatos.
Na parte AMOR, é abordado a importância do amor próprio, e como este pode tornar muito mais saudável nossos relacionamentos.
Minha parte favorita foi A RUPTURA onde Rupi parece nos passar com ainda mais força toda revolta do seu íntimo em relação a toda opressão, seja da sociedade, da família ou mesmo de relacionamentos tóxicos e abusivos.
( clique nas imagens para ve-las em tamanho maior )
E então depois de toda poesia de sobrevivência gritada, chegasse a última parte intitulada A CURA, onde a autora escreve “A questão sobre escrever é que/ eu não sei se vou acabar me curando/ ou me destruindo” — Rupi Kaur.
É A PARTE DO LIVRO ONDE MAIS SE DESTACA A IMPORTÂNCIA DO AMOR PRÓPRIO,COMO LIDAR COM AS PERCAS E SOBRE TUDO COMO TRANSFORMAR EM POESIA/ ALGO POSITIVO TODA DOR DAS EXPERIENCIAS AMARGAS.
- EDITORA: Editora Planeta do Brasil, 2017 – 204 páginas
- Não deixei de ler este livro, e repassa-lo as mulheres que conhece, pois elas com certeza irão em algum ponto se identificar e se sentirem reconfortadas por esta leitura.
- Se eu não destaquei muito bem os motivos pelos quais este livro deve ser lido, não deixe de ver o post feito pelo SUPER INTERESSANTE a respeito do mesmo.
Bifurcação
Era um dia, talvez hoje
Cometemos um erro, ou apenas tomamos uma decisão
E que incerto o destino a seguir
União feminina x Mulheres odiosas
Bom dia insólitos (as)!
É com imenso desprazer que venho tratar de um desses assuntos chatos sobre ser mulher, e acredite desta vez não tem nada a ver com homens rsrs…
Mas tem tudo a ver com nós, M U L H E R E S !
Vou falar da quase extinta União Feminina e o grande mar de ódio das Invejosas / Mau amadas / Recalcadas ou como dizem as funkeiras AS INIMIGAS !
Ontem me ocorreu uma situação bastante chata que demonstra bem que existem mulheres boas e mulheres más.
Estava na plataforma do metro, e usava um vestido um pouco aberto na parte de cima das costas, o que podia fazer com que sem querer deixasse meu sutiã á mostra.
Do meu lado havia uma mulher de uns trinta anos, alta, bonita, usando um vestido longo, e que por alguma razão me olhava muito. Até que de repente ela veio rindo até mim e disse ‘’ MOÇA SEU SUTIÃ ESTA APARECENDO, E PIOR ELE ABRIU! DEIXA EU ARRUMAR PRA VOCÊ! ‘’
Eu agradeci, e ingenuamente permiti que ela arrumasse o que estava errado. Entrei no metro, e veio até mim uma moça (de uns vinte anos no máximo), de estatura mediana, gordinha, e também muito bonita e disse revoltada ( enquanto encarava a tal moça alta e “prestativa” )
“ Moça seu sutiã está colocado errado e está totalmente para fora ! ”
Meu sutiã já havia dado o que falar, e acabou virando uma anedota sobre a miséria feminina, então vesti minha jaqueta e esperei até chegar ao trabalho para ver quem estava dizendo a verdade. E para minha surpresa a mulher mais jovem estava certa, a criatura de trinta e poucos tentará me ridicularizar, a troco de que não se sabe ao certo, mas pode ser que os motivos ultrapassem a compreensão humana.
O tempo todo mulheres se digladiam para serem as mais bonitas, as mais isso ou aquilo, mesmo que para isso precisem humilhar ou sabotar umas as outras. E mesmo quem assim como eu, não tem interesse nessa guerrinha ridícula, acaba por ser “vitima” dessas atitudes estupidas.
Como se ser mulher na sociedade atual já não fosse difícil, ao invés de se unirem essa massa de idiotas ainda querem brigar por um pouquinho de atenção. E daí eu pergunto, quer atenção pra que ? Pra enfatizar o corpo e enaltecer a própria cachola vazia?
Tenho medo da resposta .
Mas deixo aqui meus sinceros agradecimentos a garota que viu o que fora feito pela mulher mais velha.
Obrigada, o mundo precisa de mais pessoas como você! Sobretudo mais mulheres que se indignem diante da patética guerra do sexo frágil emocional.
Nunca mais
Me desculpe por falar a verdade, e dizer que andei enganada acerca de tudo
Me desculpe por te deixar cair, e não estender as mãos
Me desculpe pela flecha certeira no seu peito, e também pela tarde fria regada a lagrimas
Me desculpe pelas milhas e milhas de palavras ao ar nublando seu caminho
Ah, por favor me perdoe por ser tão cruel
Por partir e deixar a porta entre aberta, e nunca, nunca mais voltar
Sobre o que era e o que foi
Tudo foi feito por uma razão e a razão se dissipou
Tudo era um jogo, e o jogo acabou
Foi, era … um argumento vazio, uma razão tola
Tudo foi feito para parecer real, mas não era
Tudo era apenas um conto, e essa é página final
Foi, era … um faz de conta, um teatro medíocre
Passageira
Sou passageira, sou culpada e refém, sou peça do tabuleiro, fora do jogo há muito tempo
Não pude arriscar, não me deixaram tentar
P O R Q U E
Nenhum lugar no passado fora confortável demais para abrigar o queimar das chamas
Nenhuma trilha de migalhas me levou a uma ilusão que durasse mais do que alguns segundos
Nenhum um outro caminho que não seja o Seu
conseguiu guardar o que levo comigo …
O hoje
Hoje eu não vou pensar na paixão avassaladora da juventude que me escapou pelos dedos, e se casou com alguma mulher muito diferente de mim. Hoje não vou fazer contas, e ver se ainda tenho sanidade suficiente para o futuro. Não vou me pesar, não vou ao médico, não vou pensar na morte. Hoje não vou calçar nada, mas pretendo caminhar, ou quem sabe voar. Ir para qualquer lugar longe daqui, que não seja nem o passado e nem o futuro. Quero estar acima do tempo, quero ser livre da prisão dos calendários e das memórias.
Só hoje não vou sentir saudade da infância, vou ser complacente com o que quer que seja. Não vou julgar, não vou gritar, não vou pensar nos que me fizeram bem, nem nos que me fizeram mau, não vou pensar em trabalho, amor ou comida. Vou sucumbir na ideia do que posso ser no eterno. Vou me desfazer até sumir, não vou sentir frio, nem sono. Não haverá saudade que dói, nem carta ou email a esperar. O despertador não tocará, eu não vou dormir, nem despertar. Não vou viver dentro de um conto, ou morrer atravessando a rua. Vou ser o sempre, porque quis assim.
Vou voltar como se nunca houvesse partido, vou chorar um pouco e confessar, que mesmo desejando estar em qualquer outro lugar sempre estiver no hoje.
Pessoas
Eu sou único e eles são todos
— Fiódor Dostoiévski – Notas do Subsolo, p. 56
Não era meu habito observar as pessoas, como tenho as observado nas últimas semanas. Mas algum tipo de mudança, tem acontecido, e uma vez que toda mudança seja ela qual for é significativa isso deve ter uma razão maior do que qualquer explicação que conseguisse deixar aqui. Por tanto, esquecemos as razões, apenas basta dizer que eu tenho tentando descobrir porque fazem o que fazem , do modo como fazem , ou porque deixam de fazer algo, e como isso impacta suas vidas.
As pessoas do meu trabalho por exemplo, são todas bastante parecidas. Concordam sobre praticamente todos os assuntos. Concordam inclusive de que eu sou do tipo que costuma contrariar a maioria em praticamente todo assunto.
Já minha família, bom, basta dizer que para eles sou maluca, incuravelmente insana. E com isso concluo que não me conhecem o suficiente.
Pois além de insana, eu sou também agora, a observadora.
Tenho olhado todos, as estranhas aberrações no trem, os executivos do centro, meu chefe, a secretária, o carteiro, o frentista, os estranhos no ônibus, as mães solteiras na fila do mercado, os idosos no hospital… me parecem tão resignados, e se estivessem felizes, daria um “viva” á resignação.
Mas parecem terem sucumbido a uma miserável vida na qual comer, dormir, fazer sexo e trabalhar basta (mesmo que não seja nessa ordem).
Mas e eu? Carregando esse insólito eu e mais uns vinte eus líricos, como posso suportar o fardo das obrigações, os trinta dias até o salário, as enormes filas do banco, meu diagnostico sem tratamento pelo governo, minha fome por alguma coisa surreal que abasteça o dia com algo mais do que cumprimentos falsos.
Gente indo e vindo, vida esvaindo…
Eu conheço uma mulher que engravidou na adolescência e hoje conta todos os dias a quantidade de comida que resta até o fim do mês, para saber se poderá sustentar a filha de seis anos. Conheço um tipico homem do que chamo ”o meio corporativo” na beirada dos cinquenta que quer dormir comigo, e acha que um dia vai conseguir. Conheço um outro homem , esse de 30 anos, que traí a esposa toda semana com garotas mais jovens, mais diz que nunca irá se divorciar por não querer que outro homem crie seus filhos. E tem também a insuportável estudante de direito que pensa ser dona do mundo, e que por alguma razão me odeia… não consigo ver razões em suas escolhas sejam elas do passado ou do presente.
Compreendo é claro, que a mãe queira alimentar a filha, que homens de quase cinquenta daquele tipo querem transar com qualquer mulher com menos de trinta, que é quase sinônimo de ”hombridade” querer criar os próprios filhos, e que pessoas que cursam direito, bom são pessoas que cursam direito então…
Eu apenas me pergunto se assim como eu, eles possuem fomes mais urgentes, algo que a alma peça, e seja maior do que fome de alimentos, desejo, orgulho ou ambição profissional.
Eu observei bastante, eu até conversei com eles, mas eu não achei o que procurava.
São imensos, são universos, são pessoas, que para mim são parecidos entre si, justamente por não se parecem comigo.